domingo,
19 de outubro de 2025

Empresas sob alerta com uso irregular da “Pejotização”. Entenda os riscos

Empresas que utilizam a PJ para mascarar o vínculo empregatício correm risco de enfrentar multas e desgaste na reputação

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A contratação de profissionais como Pessoas Jurídicas (PJs), popularmente conhecida como “pejotização”, tornou-se uma ferramenta flexível no mercado de trabalho brasileiro, especialmente após a Reforma Trabalhista de 2017. 

No entanto, o uso inadequado deste modelo está expondo empresas a passivos trabalhistas e fiscais significativos, incluindo condenações milionárias e sérios danos à imagem corporativa.

A validade da “pejotização” é reconhecida juridicamente apenas quando a prestação de serviços se configura, de fato, como autônoma. Isso significa a ausência de subordinação, habitualidade, exclusividade ou pessoalidade — elementos cruciais que definem o vínculo de emprego sob a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). 

O problema surge quando empresas utilizam o modelo de PJ simplesmente para cortar custos e encargos trabalhistas, sem alterar a natureza real da relação de serviço, mascarando um emprego formal.

Prejuízos trabalhistas e fiscais

Quando a Justiça do Trabalho identifica a fraude, o contrato PJ é desconsiderado. O prestador de serviços tem reconhecidos todos os direitos de um empregado CLT, como férias, 13º salário, FGTS, horas extras e aviso-prévio.

Além das condenações trabalhistas, o uso irregular da PJ acarreta riscos fiscais. A Receita Federal e o Ministério do Trabalho podem autuar a empresa, exigindo o recolhimento retroativo de contribuições previdenciárias e impostos sobre a folha, acrescidos de multas e juros.

O tema ganha urgência devido à discussão em curso no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre os limites da pejotização, o que deve impactar a validade de inúmeros contratos já firmados.

Dano à reputação e ao clima interno

Para além dos custos financeiros, a prática irregular da “pejotização” compromete a reputação e o clima organizacional. A percepção de precarização do trabalho e a falta de garantias mínimas afetam o engajamento e a capacidade da empresa de reter talentos.

Há registros de ações judiciais ajuizadas por profissionais qualificados que alegam fraude trabalhista, transformando a economia inicial do modelo PJ em grandes prejuízos financeiros e reputacionais.

Recomendações para segurança jurídica

A prevenção é a melhor estratégia contra os riscos. Para garantir a conformidade jurídica, as empresas devem:

  • Elaborar Contratos Claros: O documento deve evidenciar claramente a autonomia do prestador.
  • Evitar Subordinação: Não impor exclusividade, controle rígido de horário ou hierarquia direta sobre o PJ.
  • Gestão Documental: Exigir a emissão regular de nota fiscal e manter registros que comprovem a independência do contratado.
  • Investir em Compliance: Implementar programas de compliance trabalhista para mapear vulnerabilidades, revisar processos de contratação e capacitar gestores e equipes de RH.
  • Reduzir Litígios: Adotar canais de denúncia e mecanismos de mediação interna para solucionar conflitos sem recorrer à Justiça.

A “pejotização” é uma prática legal, desde que respeite a verdadeira natureza da autonomia profissional. 

Em um cenário de aumento da fiscalização e de intensa revisão jurisprudencial, a segurança jurídica é obtida por meio de contratos bem desenhados. Além da adesão a uma cultura corporativa de respeito às normas trabalhistas.

Ana Lima
Ana Lima
Ana Lima é formada em Comunicação Social pela Universidade Estácio de Sá e já atua na profissão há mais de 30 anos. Já foi repórter, diagramadora e editora em jornais do interior e agora atua na mídia digital. Possui diversos cursos na área de jornalismo e já atuou na Câmara Municipal de Teresópolis como assessora de imprensa.

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