Imagine a seguinte situação: você se aposenta, e alguns minutos depois, o seu telefone toca com alguém lhe oferecendo um consignado. Acredite, esta é a realidade de boa parte dos novos segurados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Segundo informações oficiais, estes cidadãos estão tendo seus dados pessoais, financeiros e sensíveis vazados para instituições financeiras logo depois da concessão do benefício,.
Assédio bancário imediato
Recentemente, por exemplo, a Justiça Federal do Ceará condenou o INSS e três bancos a pagarem uma indenização superior a R$ 24 mil por danos morais a uma aposentada.
A vítima passou a ser bombardeada por ligações e mensagens oferecendo crédito consignado minutos depois de ter a sua aposentadoria deferida pelo INSS.
Este caso expôs, portanto, a possível fragilidade da proteção de dados dos segurados. A preocupação é que, para além de instituições financeiras, estas informações também caiam nas mãos de idosos.
Ao menos até aqui, nem o INSS e nem as instituições financeiras assumem a culpa pelo vazamento dos dados dos seus segurados.
Falha na proteção de dados
Vale frisar que o processo de divulgação da concessão de aposentadorias não é publicado em nenhum portal de transparência do governo federal.
Em todos os casos, o segurado precisa acessar o sistema com senha e biometria facial para realizar a solicitação. Mesmo assim, seus dados vazam para o mercado financeiro quase que instantaneamente.
A decisão judicial destacou que esse vazamento causa transtornos significativos aos aposentados, interferindo em suas rotinas pessoais, profissionais e até em seus momentos de descanso.
Além disso, evidencia a existência de um suposto mercado clandestino e altamente lucrativo de comercialização de dados sigilosos, do qual participam tanto bancos públicos quanto privados.
Um problema longe do fim
O vazamento de dados não é um caso isolado. A rapidez com que os bancos obtêm informações sigilosas sugere um esquema contínuo e bem estruturado.
Ao mesmo passo, aposentados seguem sendo alvos de assédio bancário incessante, e o INSS, apesar de suas ferramentas tecnológicas, parece incapaz em coibir essa prática.
O caso do Ceará, por exemplo, abre precedentes para que mais aposentados busquem justiça. No entanto, a questão central permanece: até quando o vazamento de dados continuará a ser um negócio rentável à custa da privacidade dos segurados?
Caso você ache que tenha passado por algum tipo de problema nesse sentido, a dica é entrar em contato com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) o mais rapidamente possível.
