Mulher morre na fila por auxílio no Distrito Federal

Uma mulher morreu enquanto esperava para atualizar o seu Cadúnico em um Centro de Referência em Assistência Social (CRAS) do Distrito Federal. A morte aconteceu na madrugada do último dia 17. De acordo com testemunhas, a cidadã começou a sentir fortes dores no peito enquanto tentava receber auxílio.

O CRAS para o qual a mulher estava esperando atendimento fica localizado no Paranoá, a 17 km do centro da cidade de Brasília. Segundo relatos, a cidadã esteve na mesma fila esperando por um atendimento também nos dias anteriores, mas sem sucesso. Testemunhas afirmam que assim como ela, muitos precisavam voltar para casa sem atendimento.

Familiares de Janaína Nunes Araújo, de 44 anos, disseram que a mulher estava tentando entrar no Benefício de Prestação Continuada (BPC) do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Trata-se de um saldo previdenciário que é concedido para pessoas com mais de 65 anos, e indivíduos com algum grau de deficiência física e/ou intelectual.

“A gente chamava o Samu e o Samu não vinha, não dava resposta. E o desespero; ela ficando cada vez pior. O Samu não deu assistência nenhuma”, disse uma testemunha em entrevista para o Jornal Nacional, da TV Globo. A Secretaria de Desenvolvimento Social do DF disse que o número de senhas entregues varia de acordo com a demanda.

Especificamente para o dia da morte de Janaína, a Secretaria informa que foram distribuídas 108 senhas de atendimento. Ainda de acordo com o órgão do Governo do Distrito Federal, nos últimos dias, eles decidiram aumentar os pontos de atendimento de 26 para 50. O objetivo foi justamente tentar dar conta da demanda.

Filas para o auxílio

As filas de espera que se formam ao redor de sedes do CRAS não são uma exclusividade do Distrito Federal. Capitais como Recife, Salvador, São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre também vêm registrando longas listas de espera nas últimas semanas.

O Cadúnico é uma espécie de lista do Governo Federal que reúne os nomes das pessoas que estão em situação de vulnerabilidade social. É a partir destes dados que eles decidem quais são os usuários que poderão participar de algum auxílio do Planalto.

A responsabilidade pela seleção dos nomes para o Cadúnico, no entanto, não é do Governo Federal, mas das prefeituras. No caso específico de Brasília, a responsabilidade é do Governo do Distrito Federal (DF).

“Espero que outras pessoas não morram à espera de algo que elas tenham direito, que tenham dignidade e não essa humilhação”, disse Iomar Fernandes Torres, que era companheira de Janaína, em entrevista para jornalistas.